Por que eu vim para a Escócia – Parte 1: por que saí do Brasil?

Uma das perguntas que mais me fazem, no blog, na página, e nas redes sociais, é “por que você foi para a Escócia?” E eu vou confessar, agora, que pouquíssimas pessoas sabem o real motivo. Eu passei muito tempo dando respostas e explicações bem genéricas e variadas, que iam desde “eu quis fugir do calor” a “cansei da bagunça do Brasil”, passando por “aquela tomada de 3 pinos foi a gota d’água!”. Mas, embora essas coisas todas que sempre menciono tenham pesado, a verdade envolve um história mais comprida. 

Eu sempre tive “um pé fora”. Sempre gostei da ideia de morar fora, e já havia morado nos Estados Unidos, duas vezes, e na Inglaterra. Eu também gosto de incluir o deserto peruano nesta lista, embora tenham sido só 3 meses, mas sinto tanto orgulho dessa aventura que quero que a mencionem na minha lápide! Enquanto isso, eu vou mencionando sempre que posso. “Tudo bem, Anelise?”, “Tudo! Eu já te contei que passei 3 meses no deserto peruano?”,  “Já….” – a pessoa revira os olhos – “umas 524 vezes…”. “Mas eu já te contei aquela parte em que quase morri de insolação?”. A pessoa finge que atende o celular e sai caminhando…. 

Mas, quando o Pedro nasceu, estava tudo certo ao sul do Trópico de Capricórnio, e a vida que eu imaginava para ele, e para nós, era no Brasil, perto da família, dos amigos, de tudo que amamos e conhecíamos tão bem. Eu achava que a máxima “Brasil: ame-o ou deixe-o” fazia sentido. Se eu amava o meu país, por que iria querer ir embora de vez? Todas as vezes em que morei no exterior tiveram data de retorno. Eu queria sim, morar em vários lugares diferentes, no Brasil e fora dele, mas meu porto era nele, onde estavam meu pai, minha mãe, os lugares em que cresci.

Até que um acontecimento balançou essas certezas. 

Pedro, bebê, com quatro dos nossos cinco gatos.
Nessa época, nem nos passava pela cabeça ir embora do Brasil.

Um dia, quando o Pedro tinha cerca de um ano e meio de idade, estacionamos o carro em frente a um prédio, em um bairro de classe alta em Florianópolis. Eram quase 11 da manhã, o local era tranquilo, estávamos na capital mais segura do país e nunca nos havia acontecido nada, então não vi problema em ficar no carro com o Pedro enquanto meu marido descia para entregar algo para alguém naquele prédio. Ele saiu e deixou a chave do carro no banco da frente, pra caso ficasse quente e eu quisesse ligar o ar. Fiquei no banco de trás, com o Pedro no colo, e ele quis mamar pois estava com sono. As ruas ao redor estavam vazias, um sol gostoso batia em nós, os passarinhos em uma árvore perto estavam em festa, e fiquei ali, curtindo aquele momento, tranquila. 

Quando ele estava quase cochilando, senti vontade de encostar a cabeça no vidro da janela e fechar os olhos um pouco. Mas algo fez com que, ao invés, eu olhasse para a frente. E, ao longe, vi dois homens caminhando pela calçada. Encurvados, caminhavam meio torto e se empurravam. Um deles derrubou um lixo com um chute e jogou algo pelo muro de um terreno baldio. Nisso, eles olharam para o carro. Não sei se viram, nessa hora, que eu estava no banco de trás, mas acho que sim. Pararam, trocaram algumas palavras. Um deles olhou em volta e pegou um pedaço de algo no chão (me pareceu um pedaço de madeira, mas acho que nunca vou ter certeza), ainda olhando na minha direção, e foram chegando mais perto. Tive um pressentimento ruim e percebi que tinha que fazer algo. Desgrudei o Pedro do meu peito tão rápido que doeu nos dois. Coloquei ele na cadeirinha, mas senti que não teria tempo de colocar o cinto, ele berrava, e minhas mãos tremiam, então só passei o cinto ao redor dele, nem lembro direito como, a pressa parecia urgente. Pulei para o banco da frente. Os homens viram e começaram a correr na nossa direção. Foi aí que eu tive certeza que meu pressentimento estava certo e que eu estava encrencada. 

Tranquei as portas imediatamente e tentei ligar o carro, mas eu estava tão nervosa que não consegui colocar a chave na ignição, custou muitas tentativas, porque minhas mãos não me obedeciam. Enquanto isso, tanta coisa passava pela minha cabeça: e se eles nos machucassem? E se nos levassem junto com o carro? E se levassem o carro mas não me deixassem pegar o Pedro? Meu Deus, o que eu ia fazer se dois bandidos levassem meu bebê? E pra onde? E ele estava chorando, provavelmente iriam se irritar e bater nele, ou coisa pior. Ou largar ele no mato, ou na beira da BR. Imaginei todo tipo de desdobramento, em milésimos de segundo, e nenhum deles era bom. 

Quando consegui ligar o carro, eles pularam pela frente dele, e começaram a bater no meu vidro. O Pedro gritou mais ainda. Acelerei. Escapei. Com o coração quase saindo do peito, e as mãos tremendo no volante, mas fui. Olhei pelo retrovisor e eles estavam com os braços erguidos, gesticulando e gritando algo. Só que, chegando na esquina, tive que frear pra não bater e, nervosa, coloquei o pé rápido demais. Escutei o barulho do corpinho do Pedro caindo entre os bancos. Pulei pra trás de novo, peguei ele no colo, e vi os homens pelo vidro de trás, caminhando na nossa direção, mas desta vez sem correr. Tentei ficar tranquila e prender ele na cadeirinha. Vi que o pescocinho dele estava machucado, pela queda, e comecei a chorar, de medo e culpa. Ele podia ter se machucado seriamente. Ele chorava muito, e meu impulso era de abraçá-lo e consolá-lo, mas eu não podia, tinha que sair dali. Fui falando “calma, filhinho, calma, calma”, mas o “calma” era mais pra mim que pra ele. 

Dirigi as piores quadras da minha vida. Eu fiquei com um medo estúpido de esquecer como se dirige, porque esse parecia um risco real. Ia dirigindo mas tinha medo de confundir o acelerador com o freio ou coisa assim. Fui respirando e dirigindo, e depois de uns cinco ou dez minutos passei de novo pela rua do prédio. Nem sinal daqueles homens. E meu marido estava na frente do prédio, esperando, sem entender nada. Aliviada, passei o volante pra ele e contei a história, como pude. A marquinha roxa no pescoço do Pedro sumiu depois de uma semana, junto com a do braço, que descobri depois, em casa. 

Dizem que a gente está curado quando consegue contar a história sem chorar. Eu ainda não consigo. Na época, então, eu escolhia nem contar. Cheguei a mencionar, muito por cima, que algo quase aconteceu e que tivemos sorte. Mas, assim, com esses detalhes que contei agora, não conseguia, então minimizava e deixava pra lá. Só que isso teve uma consequência: um medo secreto se implantou em mim, e que foi sendo nutrido pelas coisas que aconteceram a seguir. Dias depois, da janela da cozinha, escutei tiros que vinham de casas ali perto. Um tempo depois, um primo teve o carro baleado. Outro, quase levou um tiro. Um ônibus foi queimado na frente do meu condomínio. Uma mulher foi esfaqueada, às 3 da tarde, a duas quadras de distância. As histórias iam chegando e, ao contrário da maioria, que escuta, lamenta, e toca a vida, eu ia guardando elas todas na minha caixinha do medo. Uma mulher que foi atacada e estuprada quando caminhava pela Beira-Mar. A criança sequestrada no shopping. O ciclista que levou um tiro. E, assim, eu fui colecionando desgraças e afundando em um estado secreto de semi-pânico. 

Eu parecia estar tocando a vida normalmente mas, na verdade, eu estava sempre com medo. Eu tinha medo todas as vezes que eu saía de casa. Eu andava nas ruas olhando para os lados, e querendo logo ir embora. Eu tinha um medo enorme de me separar do Pedro. Me criticavam e diziam que eu era super-protetora. Uma vez, com dois anos e uns meses, ele saiu sozinho com a minha mãe. Eu fiquei quase sem respirar até que eles voltassem. Ficava imaginando que pudesse acontecer algo quando eu não estivesse junto. Eu dormia e acordava com medo. Eu ficava extremamente agoniada em algumas situações, como por exemplo quando saíamos para jantar e alguém insistia em ficar de papo na frente do restaurante. Eu ficava identificando uma série de situações perigosas e me angustiava com elas, mas não queria parecer neurótica, então fazia um esforço enorme para disfarçar. Inevitavelmente, eu me irritava, e às vezes chegava a ser grossa com as pessoas. 

Fiz terapia. A primeira, basicamente, me disse que meu medo era infundado. Afinal, nada havia acontecido, de fato. Eu estava sendo emocionalmente exagerada. Aconteciam coisas muito piores com muita gente. Eu não tinha motivos reais pra me sentir do jeito que me sentia, e deveria substituir o medo por gratidão. Fácil falar, difícil fazer, e claro que isso não só não me ajudou em nada como fez com que eu me sentisse ainda pior. A segunda, identificou em mim sintomas de estresse pós-traumático, e conseguiu me dar algumas ferramentas para lidar com isso. Mas, ainda, as coisas não estavam bem. As histórias continuavam em toda parte: nos jornais, na TV, nas conversas com amigos. Minha caixinha do medo ficou lotada. Por fora, estava tudo certo. Por dentro, eu precisava fugir. Eu precisava ir para o mais longe possível. 

E essa decisão não foi impulsiva. Como eu disse antes, os planos eram de ficar no Brasil. Tínhamos uma vida boa, família e amigos por perto e, afinal, a gente sabe que a maioria das pessoas passa a vida inteira sem sofrer nenhuma violência. Meu medo até podia ser exagerado, mas ele fazia com que eu não conseguisse mais ficar em paz naquele chão. E ele fez com que, para justificar esse desconforto, eu começasse a perceber melhor, e com mais impaciência, outros fatores que me faziam querer ir embora, além da segurança. Com o tempo, esse fatores foram sendo discutidos entre nós, e foram, em conjunto, decisivos na decisão de sair do Brasil. Essa decisão nunca é fácil. 

E por que eu estou contando tudo isso, depois de anos disfarçando e dando explicações genéricas sobre os meus motivos? Porque eu finalmente estou chegando naquele ponto bom da vida em que não se dá mais a mínima pro que podem pensar, falar ou julgar. Este medo, eu finalmente perdi. E porque eu sei que essa história vai chegar em alguém que precisava ler isso. Alguém que talvez também sinta esses medos “infundados”, e inconfessáveis, por medo do ridículo. Nós não estamos sozinhos. 

“Fugir” do Brasil não é a única solução, lógico. Na verdade, é uma solução bem tola, considerada por si só. Troquei o medo da violência por outros que envolvem estar longe, e que podem ser muito piores. Só que hoje eu consigo conversar sobre esses medos, e consigo me desculpar por tê-los. Se eu pudesse voltar no tempo, teria sido mais aberta sobre tudo e teria procurado mais ajuda pra poder viver melhor os meus dias (que é o conselho que dou). Mas eu não posso, e tudo bem, porque minha história me trouxe para cá, para a Escócia. E agora, ao norte do Trópico de Câncer, morando, propositalmente, em um dos lugares mais pacatos e pacíficos que consegui, eu, pelo menos, caminho sem medo. 

Jack, o novo integrante da família, e Pedro, caminhando sem medo Escócia afora.

Se você também, pelo motivo que for, tem planos de “fugir” do Brasil um dia, ainda que temporariamente, dá uma olhada neste guia que escrevi com todo cuidado, e onde coloco muito da minha experiência e dicas de imigração:

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  1. AMANDA CRISTINA

    Oi Anelise tudo bem?

    Vendo este seu relato, e o quao dificil foi para voce falar dele. Eu queria deixar uma mensagem que minha Mae disse para mim no aeroporto:
    “avioes vao e voltam”

    Eu sempre acreditei que precisa e vir morar em outro Lugar, e vim ver se eu estava certa.

    • Anelise

      Oi Amanda, com certeza, e ainda bem que eles “vão e voltam”, porque saber que uma mudança não precisa ser definitiva alivia muito o peso que a gente sente no coração quando decide ir embora. Espero que dê tudo certo na sua jornada, assim como também espero que, um dia, o Brasil esteja seguro o suficiente pra fazer com que muitos de nós considerem voltar. Obrigada por ler e comentar!

  2. Aline Souza

    Oi Anelise! Nossa terrivel mesmo isso que você passou. Isso também aconteceu comigo. Tinha carro zero que havia comprar tinha 15 dias, e era o quarto dia que ehstava dirigindo. Parei na praia da Barra da Tijuca às 5 da tarde(ainda estava sol pq era horario de verão) pra comer na loja de conveniencia, parou moto do lado. Eu ja imaginava o que era e nao conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Com arma na minha cabeça eu desci do carro descalça, e menos mal, eles nao fizeram nd comigo. Levaram carro com tudo dentro. Isso foi em 2013 e por conta desse dia, nunca mais dirigi.
    Meu sonho era sair do Brasil. Morar na Irlanda, Escocia como você , ou em Portugal. Não tenho filhos, mas se tiver algum dia, nao gostaria que eles vivesses com medo e assustados como vivemos aqui.
    Mas seu relato é um alento no sentido de ver que a gente tem que tocar a vida pra frente e nao deixar que esses acontecimentos ruins nos travem, nos impeçam de fazer outras coisas, como voltar a dirigir(no meu caso).

    • Anelise

      Oi Aline, com certeza, é muito dificil superar os medos, mas a gente tem que tentar ir tocando, nao adianta. Eu “fugi”, hehehe, mas mesmo isso foi uma ação, foi “tocar a vida”. Lá na página do facebook tem um comentário com uma historia parecida com a sua: uma carioca que também sofreu assalto e não conseguiu mais dirigir, até que se mudou para o interior de MG e lá sim conseguiu ir se sentindo segura e confiante de novo, e hoje dirige. Não que você tenha que se mudar pro exterior, mas é um exemplo de superação de algo parecido, e é sempre positivo saber disso. Espero que você consiga viver em paz ou se mudar para um lugar mais seguro, tem muitos países tranquilos pelo mundo, vale a pena dar uma pesquisada. Se quiser, dá uma conferida no meu livro, pesquisei bastante pra poder mostrar o máximo de opcões possíveis. Obrigada por ler e comentar!!

  3. Ingrid

    Anelise e por que você escolheu a Escócia?
    Você já foi com emprego ou foi na cara e coragem.
    Eu estive na Escocia por 3 dias em junho do ano passado, puder ver pouco, mas foi encantador.

    • Anelise

      Oi Ingrid! Na “Parte2” vou contar por que escolhi a Escócia, justamente (sendo este post ia ficar muito grande). Mas eu já conhecia, já tinha vindo pra cá quando morei na Inglaterra e já tinha me encantado pelo país, o que ajudou na escolha também.

  4. Camila

    Eu já fui assaltada 3 vezes e em foi com faca. Mas graças a Deus não fiquei com trauma e não deixo de sair de casa a hora que for. Sei que tem muitas pessoas que ficam com trauma para o resto da vida e ainda mais qhe na tua situação tunha a segurança do seu filho. Eu não sou mãe, mas acho que eu ficaria em choque pós traumático também se tivesse um filho. Em Porto Alegre onde eu moro ouço som de tiros, vejo na tv crimes de toda a espécie, mas não me abala, estou acostumada. Também eu nunca tive a experiência ou desejo de morar em outro lugar. Talvez se um dia eu conhecer um lugar que me traga paz e mais segurança eu tenha esse desconforto de morar aqui no Brasil.

    • Anelise

      Oi Camila, com certeza, o componente “filho” agrava muito os medos, hehehe. Se estivesse sem ele, talvez a experiencia tivesse sido bem diferente, mas infelizmente me afetou mesmo. Ainda bem que, apesar de toda a violência, você não se afeta, assim consegue viver tranquila e em paz, apesar dos pesares, porque o importante é a gente se sentir bem onde está.

  5. Edison

    Boa noite Anelise. Estou tentando sair do país a mais de trinta anos mas ainda vou conseguir. Diferente de você não tenho família e raros e bons amigos dois estão no exterior. Jamais sentirei falta de nada. Sempre vou respeitar e nunca negar o lugar em que nasci mas sempre sonhei em andar pelo mundo e nunca voltar desde minha adolescência. Por este motivo nunca quis familia aquí apesar de ter casado duas vezes.
    Já conversamos antes. Sempre leio seu posts. Tudo de bom.

  6. Gianandrea Wotfe

    Minha companheira de tantas telas, Anelise…certamente não estamos sós, e nas suas linhas pude também relembrar os motivos que me trouxeram para tão longe, e como você, para uma cidadezinha bem pacata. Os medos ainda me acompanham, a sombra da possibilidade de ter que voltar ao Brasil com meus pequenos ainda me assusta. Passamos por situações bem parecidas, mais de uma vez…Ainda tento manter a calma, e buscar as possibilidades de um futuro melhor para todos, e assistindo tantos relatos, vemos que somos muitos na mesma condição: exilados pela violência e o medo que se instalou no nosso país…a primeira vista, somos expatriados pela escolha, e privilégio, mas lá no fundo repito dentro de mim: quem escolhe viver com saudades daquilo que ama??? E penso sempre que um dia chegue a oportunidade de não mais haver tanto a temer, e principalmente, que seja factível para todas as famílias simplesmente comungarem da paz e harmonia em suas vidas. Por hora, só penso mesmo em abrir minhas asas e proteger meus pequeninhos sobre elas, enquanto cai a tempestade…Obrigada por partilhar conosco seus motivos e descobrir que aqui no interior de Oklahoma, não estou só. Super bjs

    • Anelise

      Oi Gianandrea! Que feliz que fiquei com esse seu comentário, por poder saber mais um pouco de você, e que estamos em barcos muito semelhantes. Eu acho que muitos de nós, os “expatriados por escolha” (e que tivemos a sorte de poder fazer esta escolha), talvez estivéssemos ainda no Brasil se não fosse pela violência que tomou proporções assustadoras. Porque você tem razão: quem escolhe viver com saudades daquilo (e daqueles) que ama? O motivo tem que ser muito forte e, no caso de muitos, o medo foi um impulso. Que bom que você e sua família estão seguros, o interior de Oklahoma deve ser lindo e pacífico! ❤️ Obrigada por ler e comentar! Beijos!!!

  7. Renata Pugliesi

    Olá, como vai Anelise? Te vendo falar eu lembro bem da sensação vivida pela minha mãe depois de quase um sequestro relâmpago. Meus irmãos e todos os outros na verdade nunca entenderam esse medo dela diante da situação que passou. Os indivíduos num carro a puxaram pra dentro e só não levaram ela porque um deles mandou pegar as coisas e deixar ela ir embora. Ufa. Mas durante um bom tempo e até hoje ainda 2 anos depois ela tem medos e eu a ajudo sempre que posso a dar um passo a diante. Eu sai de São Paulo a 9 anos e vim morar numa ilha no Sul do Estado, com meu marido e os cachorros. Aqui é tranquilo e parece interior também. A diferença gritante é o calor, a pele oleosa, os muitos banhos hahahahahaha, mas sei bem o que é tranquilidade. Vejo você falando da Escócia e me apaixona a cada texto seu. Sou nova por aqui, e espero ficar. Obrigada por nos confiar as suas histórias. Continue vencendo.

    • Anelise

      Oi Renata, seja bem-vinda!!! Acho que é difícil mesmo entender como é que uma situação em que “deu tudo certo” pode causar qualquer tipo de trauma, mas é muito comum, e espero que meu texto tenha conseguido explicar o quanto o medo do “quase” pode ter sido assustador o suficiente para marcar uma pessoa para sempre, o que certamente foi o que aconteceu com a sua mãe. É difícil retornar ao estado de tranquilidade anterior depois de passar por algo assim, espero que ela fique bem. Muito obrigada por ler e comentar, espero que siga lendo e curtindo minhas histórias. Beijão!

  8. Dani Bauer

    Você escreve tão bem, tão detalhado que deu pra visualizar e sentir todo o pavor que sentiu nesse episódio. Seus medos nunca foram infundados, é tanta notícia ruim que é muito difícil manter a cabeça no lugar. Que bom que vocês estão bem e a salvos, qualidade de vida não é pra todo mundo, mas deveria ser. Obrigada por compartilhar suas experiências, com certeza ajudou muitas pessoas.

    • Anelise

      Obrigada, Dani! Não foi um post fácil de escrever, então fico feliz de saber que consegui colocar o que senti em palavras. Tomara que nosso país melhore rápido e a violência não cause mais traumas e perdas para ninguém. Obrigada por ler e comentar!

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