Williamina Fleming, uma escocesa nascida em Dundee em 1857, não estava exatamente em bons lençóis quando o marido a abandonou. Com um filho pequeno, e morando em Boston, nos Estados Unidos, para onde o casal havia se mudado anos antes, as chances de ela conseguir um bom emprego eram muito pequenas. Longe da família e do próprio país e – pior ainda, para aquela época – sendo uma mulher (e abandonada, ainda por cima), tudo indicava que a vida, a partir de então, seria uma grande batalha pela sobrevivência, sem quaisquer perspectivas de sonhos ou grandes conquistas.
Foi uma sorte imensa conseguir um emprego de doméstica na casa de um professor universitário e diretor do Observatório Astronômico de Harvard. O Professor Pickering, como era conhecido, vivia reclamando de sua equipe na universidade, e dizem que uma de suas falas mais frequentes era: “Minha empregada escocesa faria isso melhor que vocês!!”.
Um dia, em um misto de brincadeira com os colegas e também por perceber que Williamina era inteligente, levou-a para o Observatório, a ensinou a analisar espectros estelares e lhe deu um novo trabalho: conferir fotos de estrelas distantes e encontrar uma maneira lógica de organizar a informação.
E ela não decepcionou, e desenvolveu um sistema de classificação de estrelas de acordo com a relativa quantidade de hidrogênio observado no espectro, conhecido hoje como o sistema Pickering-Fleming. Além disso, sem nenhuma educação formal em física ou astronomia, ajudou a mapear mais de 10 mil estrelas e descobriu 59 nebulosas, incluindo a famosa “cabeça de cavalo”.
E foi assim que a “empregada escocesa”, abandonada pelo marido e sem nenhuma perspectiva de sucesso na vida, se tornou uma das figuras mais importantes da Astronomia da época. Foi nomeada membro de várias sociedades científicas e incentivou outras mulheres a seguirem o caminho científico.
Uma história que mostra as surpresas que a vida pode trazer, e as recompensas que recaem sobre quem as aproveita.
Deixe um comentário