Sobre um nome difícil no Brasil e um nome brasileiro na Escócia:

Quem tem um nome menos comum sabe como é a rotina de ficar soletrando explicando. E olha que o meu nem é tão complicado assim, mas desde pequena eu aprendi a dizer que meu nome é “Anelise, tudo junto, com ’s’ e com ‘e’”. Porque, senão, escreviam Ana Eliza ou Ane Lize. Engraçado como as pessoas conseguiam entender tão errado, às vezes. Ser chamada de Denise era super comum, e um senhor do meu prédio insistia em me chamar de Melissa. 

“É Anelise, Seu Silva”, eu corrigi uma vez. 

“Ah, Nelise, entendi.” 

Dois minutos depois: “Então, Melissa, como eu tava dizendo….”. 

Segui sendo Melissa por vários anos e nunca mais corrigi o Seu Silva. Até porque, convenhamos, não é tão importante assim.

Mas, quando tive um filho, resolvi poupá-lo de ficar soletrando o tempo todo e escolhi um nome bem brasileiro: Pedro. Pronto, ninguém errava. 

Aí viemos para a Escócia.

E eu fico encantadíssima de ver como ninguém, absolutamente NINGUÉM erra o meu nome aqui. É lindo de se ver. Claro que eu tenho que pronunciar do jeito deles, mais enrolado. Mas é batata: eles escutam apenas uma vez e escrevem “Anelise”. Perfeito. Como é fácil a vida assim. Era cansativo ser a “Anelise tudo junto com ’s’ e com ‘e’”, ou ter que adivinhar que a Ana Ísis era eu. 

O nome do Pedro também é tranquilo por aqui, todos acertam e ainda acham super bonito, exótico. Claro que pronunciam diferente, em um enrolado “Pedrow”, mas escrevem direitinho. 

Lembro de quando, recém-chegados, nos apresentamos para o moço da vendinha aqui perto de casa, um escocês de uns 20 anos, e ele comentou, sério: 

“Wow, Pedrow. If I had that name, the girls would be all over me” 

(em tradução bem  livre: se ele se chamasse Pedro, ia fazer sucesso com as garotas).

Pedros do mundo, agora vocês já sabem onde fazer sucesso.