O “monstro” do Lago Ness – pequeno guia básico

Milhares de turistas visitam a Escócia todos os anos, e grande parte deles faz questão de ir até o Lago Ness para, quem sabe, avistar algo suspeito nadando em suas águas. Anualmente, são computados centenas de novos avistamentos. Muitos deles são facilmente identificáveis como sendo focas, troncos ou ondas – as águas do Ness possuem uma corrente interna que às vezes se move na direção contrária da externa, criando uma ilusão de ótica bastante convincente de “corcundas”. Mas muitos outros ficam sem explicação.

Os avistamentos mais convincentes costumam aparecer nos jornais daqui. Lembro de ter achado graça de um relato que li, de um sujeito que trabalha em uma destilaria de whisky ali perto e, quando estava voltando para casa, diz ter visto o monstro e bateu uma foto estranha de movimento nas águas. Lembrei, na hora, do guia da excursão que fiz a primeira vez que fui ao Lago Ness, e da resposta que ele me deu quando perguntei o que ele achava da lenda: “Bem, muita gente de confiança relata ter visto algo estranho….mas, você sabe, gente de confiança também bebe whisky….”

Aliás, para os escoceses, não existe um “monstro” no Lago Ness, e sim uma “monstra”, carinhosamente apelidada de Nessie. Meu filho, aos 4 anos, aprendeu na pré-escola do nosso vilarejo que Nessie é muito tímida, e por isso se esconde das pessoas. As professoras mostraram fotos e contaram histórias dos avistamentos mais famosos. Nessie é tão popular que já virou protagonista de filmes, livros, e até de um curta metragem da Disney intitulado “A Balada de Nessie”:

O início da lenda data do século XI, quando São Columba relatou ter salvo um morador local do monstro, ordenando que ele voltasse às profundezas do Ness.

Fantasmas do Culzean Castle

O Culzean Castle foi construído no século XVIII, ao redor de uma construção mais antiga que datava do séc XI. Ele fica em uma grande propriedade em frente ao mar, no sul da Escócia.

Dizem que ele é assombrado por 7 fantasmas, incluindo o de um piper (tocador de gaita de foles) e uma pequena criada. Em 2005, um grupo de investigações paranormal passou uma noite lá, e verificaram a presença de uma família, e de um homem que ficou seguindo o grupo e observando-os. Em um dos cômodos, o aparelho de EVP gravou uma voz masculina dizendo “you f#$*ing bastard”.

Festival de Bo’ness

[Postado no facebook, mas repetido aqui para que não se perca o registro. 😊]

Todos os anos, no verão, acontecem vários pequenos festivais em vilarejos aqui na Escócia. Essas fotos mostram um pouquinho do de Bo’ness, onde os moradores participam bastante, decorando suas casas para a competição. O festival, chamado Bo’ness Children’s Fair Festival é a data do ano mais importante do calendário deste pequeno vilarejo, e muita gente passa o ano inteiro planejando e preparando sua decoração para o grande dia. 

O carrossel e o relógio foram os ganhadores deste ano. Quem não consegue fazer uma decoração mais sofisticada, coloca bandeirinhas coloridas.

Independência da Escócia: agora vai?

Em 2004, quando Boris Johnson era editor da revista Spectator, ele publicou um poema que se referia aos escoceses como “uma raça de vermes” que merecia “exterminação total”. Era o tipo de texto que se pretendia satírico mas beirava, explicitamente, uma discriminação genocida. Nenhum escocês achou graça. Assim como também não acharam graça quando ele se tornou, recentemente, primeiro-ministro do Reino Unido.

Pra piorar, o mandato de Johnson aumenta, em muito, as chances de uma saída da União Europeia sem acordo – o tal do no deal – coisa que a maioria dos escoceses não deseja. Logo após sua vitória, Boris veio até a Escócia se reunir com a primeira-ministra daqui, Nicola Sturgeon, como é de praxe. Foi vaiado pelo público e teve que sair pela porta de trás depois da visita.

A expressão dela diz tudo! 🤣

Na Universidade de Edimburgo: um PhD entre impostores, Darwin e grandes mulheres.

Em setembro passado, eu me tornei aluna da Universidade de Edimburgo, depois de ser aprovada na seleção para um doutorado em política e relações internacionais. 

Fundada em 1582, a Universidade é quarta mais antiga da Escócia (perde para as de St Andrews, Glasgow, e Aberdeen) e a 6ª melhor da Europa. No Reino Unido, fica atrás somente das universidades de Oxford e Cambridge. Charles Darwin, David Hume, Peter Higgs, Arthur Conan Doyle, e Sir Walter Scott estudaram aqui, bem como 3 primeiros-ministros e 19 ganhadores do prêmio Nobel. Da Universidade de Edimburgo saíram descobertas e invenções como as da anestesia, do telefone, do dióxido de carbono, da fertilização in-vitro, e das vacinas do HPV e da Hepatite B.

A Universidade possui até um tartan próprio!

Tartan da Universidade de Edimburgo

Então imaginem eu, um humilde fruto de Araranguá, sentada em um salão vitoriano enorme, em uma construção do século XVIII, no primeiro dia de orientações e pensando, incrédula, “O que é que eu estou fazendo aqui?” Eu nem tinha grandes esperanças de passar, fiz a seleção como um treino. Pensei que aplicaria todos os anos, pra ir treinando e aprimorando a proposta de pesquisa e que, daqui a uns 5 anos, talvez eu tivesse chance de passar. Mas foi assim, de primeira. Muita sorte. Eu olhava em volta, olhava pra todos os outros, com caras de altamente inteligentes e qualificados e pensava: “Nossa, eu devo enganar muito bem mesmo….”. E fiquei bem quieta pra ninguém descobrir que eu era uma farsa…

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