John Knox, o cara da Reforma

John Knox (1514-1572) é uma das figuras mais controversas da história da Escócia. O homem que foi, em grande medida, responsável pela Reforma protestante no país, ainda divide opiniões.

Quando a rainha católica Mary Stuart retornou da França para assumir o trono escocês, ela e Knox entraram em conflito. Ela tentava governar um país que gradualmente se voltava contra ela, por influência dele. E ele via, nela, uma grande ameaça à Reforma, e acreditava que ela poderia iniciar uma perseguição aos protestantes, apesar de ela se mostrar bastante tolerante.

Dono de uma poderosa oratória, Knox inflamava multidões, que muitas vezes saíam Escócia afora vandalizando loucamente, destruindo igrejas, monastérios e inúmeras obras de arte religiosas. Em 1559, uma gangue “knoxiana” (termo meu) tocou o terror na cidade de Perth por 2 dias inteiros. Em St Andrews, após uma pregação raivosa de Knox, seus seguidores saquearam a catedral da cidade e invadiram o Castelo de St Andrews, aproveitando para queimar um cardeal pelo caminho.

Em meio a tanta confusão, Knox ainda arranjava tempo para escrever livrinhos instrutivos. Sua obra “The First Blast of the Trumpet Against the Monstruous Regiment of Women” atacava monarcas mulheres, argumentando que a Bíblia é contrária a mulheres no poder, por serem elas um reflexo inferior de Deus, ao contrário dos homens, reflexos superiores e dotados da centelha divina (sinto uma preguiça enorme só de escrever isso, então acho melhor nem comentar… ).

Mary, rainha da Escócia, e Elizabeth I, rainha da Inglaterra, não quiseram um exemplar autografado, obviamente.

Por outro lado, em retrospecto (e tentando fazer vista grossa à antipatia que sinto por Knox, em função do vandalismo e das opiniões machistas), a Reforma teve consequências positivas, como a ampla reforma social que beneficiou os mais pobres, e os programas de alfabetização universal (para que todos pudessem ler a bíblia).

Onde está Knox, hoje em dia? Enterrado na vaga 23 de um estacionamento. Parece castigo mas, na verdade, o local era antes um cemitério e, quando foi cimentado, acharam melhor não mexer com ele. Uma placa marca o local, perto da Catedral de St Giles.